A educação é uma ferramenta poderosa que impacta vidas e fortalece comunidades. Ela desempenha um papel essencial na formação de indivíduos, na construção de valores, na promoção da igualdade e no desenvolvimento de uma sociedade mais justa. Quando falamos sobre o esporte como meio de desenvolvimento social e educacional, o projeto Bola Bacana é um exemplo de como essas dimensões caminham juntas.
Para além da formação esportiva, busca-se formar cidadãos que compreendem temas como cooperação, solidariedade e respeito, sempre valorizando o desempenho escolar, em busca de um futuro mais humano e igualitário.
Em sua décima primeira edição, o projeto Bola Bacana é realizado pela Associação Pró-Esporte e Cultura, por meio da Lei de Incentivo ao Esporte, com patrocínio da CPFL Energia. A iniciativa atende 960 crianças e adolescentes, entre 7 e 14 anos, matriculados na rede pública de ensino, oferecendo aulas gratuitas de futebol e vôlei nas cidades de Aracati (CE), Bauru (SP), Bento Gonçalves (RS), Caxias do Sul (RS), Passo Fundo (RS), São Miguel do Gostoso (RN), Touros (RN) e Uruguaiana (RS).
Entre tantas histórias que surgem a partir do projeto, uma delas se destaca em Touros, no Rio Grande do Norte. Pedro Francisco Farias da Silva, de 11 anos, é um dos alunos atípicos atendidos pelo Bola Bacana. Sua evolução tem sido percebida por todos, especialmente quando chegaram os resultados de seu boletim escolar, um reflexo do seu crescimento.
A mãe de Pedro, Marlene Keila da Cruz de Farias, conta como o projeto vem contribuindo com o desenvolvimento do filho. “O Pedro tem Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). Quando descobri que ele tinha essas necessidades, foi bem difícil. Às vezes ele fica muito agitado e apressado em tudo. E o projeto é como uma terapia para ele.”
Marlene lembra que nem acreditou quando viu as boas notas escolares. “Quando vi o boletim dele, com aquelas notas, foi um misto de alegria, orgulho e a certeza de que fiz a escolha certa. Ele já tinha sido reprovado uma vez por conta do TDAH. Agora, percebo que a rotina com o projeto, aliada às outras atividades, está funcionando”, afirma.
Para a professora de Pedro, Elaine Cipriano dos Santos Peres, a mudança também foi evidente. Ela recebeu um vídeo do aluno, todo animado, contando sobre suas notas. “No começo do ano, ele era mais calado, mais irritado, mas com o tempo se tornou sorridente e cooperativo. Fico maravilhada de poder acompanhar momentos como esse, é indescritível! Trabalhar no Bola Bacana 11 é uma experiência enriquecedora, tanto profissional quanto pessoal.”
De acordo com a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), uma rotina estruturada é fundamental para crianças com TDAH, pois as ajuda a entender o que se espera delas, diminuindo a ansiedade e a impulsividade. Além disso, segundo a Academia Americana de Pediatria (AAP), rotinas previsíveis reduzem comportamentos desafiadores e melhoram a autorregulação.
Marlene destaca que essa organização foi determinante na vida de Pedro. “Antes do projeto, não tínhamos uma rotina, era tudo muito corrido. Agora, vejo que conseguimos estabelecer uma organização melhor, isso ajudou nas emoções dele. Ele conseguiu fazer mais amigos, e isso também contribuiu muito com a concentração. Estou muito feliz e orgulhosa de ver ele se desenvolvendo melhor, tanto no esporte quanto na escola”, relata.
Para a professora Elaine, a melhora na concentração de Pedro também é notável. “Acredito que o projeto Bola Bacana 11 influenciou diretamente o desempenho escolar dele, especialmente pela concentração que adquiriu”, conclui.
Quando perguntado se quer continuar jogando bola, Pedro responde com um “claro”, sorrindo. “Gosto de brincar, conversar, interagir… Fiquei feliz demais com as minhas notas e também quero muito continuar jogando”, diz.
Marlene reforça a importância de não desistir, mesmo diante das dificuldades. “Se eu pudesse deixar um recado para mães de filhos atípicos seria: não desistam de buscar boas oportunidades como essa! Eu sou mãe solo. Às vezes parece difícil e nos sentimos impotentes, achando que não vamos dar conta… e damos!
Histórias como a de Pedro mostram que iniciativas como o Bola Bacana são mais do que aulas de esporte: são oportunidades reais de crescimento, inclusão e esperança.