Em um mundo onde as crianças passam cada vez mais tempo diante das telas e vivenciam o esporte apenas de forma digital, projetos que incentivam o esporte e a inclusão social tornam-se fundamentais. O Bola Bacana Copa surge como um contraponto a essa realidade, promovendo igualdade e protagonismo para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade. Entre janeiro e março, o projeto vem realizando mini campeonatos em cinco cidades: São Paulo (SP), Ribeirão Preto (SP), Pinhais (PR), Sumaré (SP) e Jaboticabal (SP).
Segundo Maurício Machado, analista de métodos pedagógicos da Goall Impacto Social, a iniciativa busca proporcionar aos alunos uma vivência competitiva dentro do esporte. “Por mais que o projeto tenha um caráter educacional, é importante que os alunos também experimentem a competição. Isso permite que eles compreendam como funciona um ambiente competitivo e, ao mesmo tempo, desenvolvam habilidades dentro das diversas vertentes do esporte”, explica.
Ele conta que os alunos praticam por meio do futebol de três tempos, um formato no qual eles mesmos criam as regras, definem a dinâmica do jogo e, no terceiro momento, realizam uma autoavaliação baseada em cooperação, respeito e solidariedade. Além disso, foram os próprios alunos que escolheram quais seleções queriam representar no mini campeonato, cujo nome faz referência ao projeto Bola Bacana Copa.
As competições seguem o formato “todos contra todos”, e tanto os alunos quanto os professores se organizam entre os turnos para garantir a realização dos jogos. Segundo Machado, ao final de cada campeonato, as crianças recebem medalhas confeccionadas por elas mesmas em parceria com o professor. “Juntos, produziram suas próprias medalhas, troféus e premiações, tornando o momento ainda mais especial.” Quando questionado se há impacto positivo dos campeonatos na autoestima e motivação das crianças, ele responde sem hesitar: “Com certeza! Inclusive, temos o relato de uma aluna que estava desmotivada e, após a introdução do mini campeonato, começou a se soltar e a se empolgar muito mais.”
Essa aluna, a quem Maurício se refere, tem deficiência intelectual e enfrenta algumas dificuldades nos esportes e atividades do projeto. Sempre foi mais retraída e reservada, até que o mini campeonato começou a acontecer. Durante os jogos, os colegas perceberam que ela estava mais afastada e começaram a incluí-la ativamente.
Passaram a tocar mais a bola para ela, incentivaram sua participação e até a convidaram para bater um pênalti. Ana Laura Vitaliano Silveira, professora do núcleo de Ribeirão Preto/SP, compartilha essa história, que considera impressionante. “Os amigos do time dela viram que ela errou o gol, mas, para reforçar a sensação de equipe e cooperação, aplaudiram e a incentivaram com palavras como ‘muito bem’ e ‘você consegue’, reconhecendo o esforço dela ali”, conta Ana Laura. “Quando ela chegou correndo até mim e disse: ‘Tia, você viu? Eu perdi meu medo da bola!’, eu achei isso fenomenal, sabe? Foi muito lindo de ver! Para mim, essa turma já é considerada campeã apenas por esse momento com eles.”
O projeto Bola Bacana Copa acontece através da Associação Pró-Esporte e Cultura e tem previsão de 12 meses de duração, levando aulas gratuitas de futebol para 740 crianças e adolescentes entre 7 e 14 anos nos municípios citados anteriormente.
Com apoio da Lei de Incentivo ao Esporte e patrocínio das empresas Volkswagen Financial Services, CPFL Energia, Usina Santa Adélia, Terranuts, Grupo Imediato, Itograss e JP Farma, o projeto busca levar impacto positivo e desenvolver aspectos biopsicossociais, afetivos, colaborativos e benéficos às habilidades sociais dos alunos inscritos, além de aprimorar a coordenação e a capacidade motora através do esporte. Outro objetivo essencial é melhorar a autoestima das crianças, por meio da valorização individual e de práticas socializantes que as coloquem como protagonistas do próprio desenvolvimento.